terça-feira, 23 de outubro de 2018

RESPOSTA A UM AMIGO NESSES TEMPOS SOMBRIOS

A arte precisa desesperadamente  circular em mídias democráticas. Precisa que a valorizem e respeitem nas suas nuances discursivas, articulando-se com movimentos sociais e produzindo mudanças estruturais necessárias a sobrevivência com qualidade, de todos que participam dessa imensa comunidade chamada Brasil. Precisa urgentemente sair da gaiola televisiva aprisionadora e que funcionou e funciona como um alçapão de mentes desprotegidas. 

A globo e outros canais de tevês de concessão pública, tem nesses anos todos de suas existências, devorado a liberdade e democracia do País com produções razas, telenovelas vazias e de conteúdos imbecilizadores, e um jornalismo pífio, tendencioso e seletivo, lembrando que a “toda poderosa” apoiou a ditadura de 64, apoiou o golpe de estado recente, conduzindo e induzindo a população a apoiar o impeachment da Presidenta Dilma Roussef e a prisão do Lula inocente e consequentemente a derrocada do País, como estamos presenciando hoje à beira do fascismo (que espero seja derrotado no dia 28/10).

Não existe nada de bom aí nas grades televisivas a não ser algumas raríssimas produções feitas por artistas que furaram a bolha, mas  que serviram também (por terem sido produzidas com selo das próprias mandatárias), para alavancar o poderio devastador que essas mídias tem sobre a consciência social. 

Existe uma tendência por parte dos nossos artistas e  população, em deixar pra lá essas questões e partir para uma festança exibicionista na mídia ou absorver seu conteúdo de forma estabanada e intoxicante, elogiando seu conteúdo sem pensar nas reais intenções que se escondem por trás daquilo tudo: as propagandas de empresas corruptas vendendo produtos nos intervalos; propagandas invasivas e deseducadoras permeando cenas; as interrupções para divulgar ações que beneficiam seus anunciantes com ideologia política processada subliminarmente por seus exércitos de fazedores; e os seus comentaristas falsos vomitando ideias retrógradas e fascistas contra a nossa tão difícil e suada democracia. Estes tantos exemplos citados  das inconsequentes e fascistas atitudes da mídia tupiniquim, minaram as condições estapafúrdias que presenciamos hoje no País. Teceram, em conluio com  mídias estrangeiras e selvageria do mercado global, um manto blindado de ideias falsas, difíceis de serem obstaculizadas.

Vivemos sim um processo de  desumanização, coisificação e lobotomização, “graças”, em parte,  a esses anos todos de irresponsabilidade televisiva no lombo e da convivência com uma mídia geral que pouco contribuiu para que nossa humanização social pudesse estar em patamares sadios e desintoxicantes. 

Se você juntar estes  maléficos propósitos midiáticos citados, com outros como: justiça tendenciosa, desrespeito a constituição  e aos direitos humanos, congresso corrupto, ascensão do nazi-fascismo, militares com sede de poder, fake news e uso indiscriminado da internet, o coquetel molotov fascista estará feito... pronto para ser lançado em nossas cabeças  e explodir sem piedade, espalhando sangue pelos quatro cantos do País. 

  *Os textos e fotos de Dario Junior estão licenciados pela Creative Commons. Qualquer utilização,  será possível com a autorização prévia do autor, que deverá ser consultado.

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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

RESSUSCITA-ME!




 Texto de Dario Junior

Vivemos uma crise de valores culturais, uma crise perversa e que arrasta consigo pessoas e conceitos. No mundo dos artistas (locais e mundiais) e das carreiras destes mesmos artistas, talvez não haja mais lugar para conversas honestas e profundas sobre cultura porque vivemos num tempo em que se confunde coerência com glamour, cultura com mercadoria, arte com sucesso (de preferência relâmpago). É um tempo sem volta e sem revolta, dizem alguns, quando não há mais espaço para conversas francas e demandas coloquiais, ou melhor dizendo, papo cabeça. Não sobrou mais nada de interessante e o que importa a muitos é o que reina nas janelas televisivas, estas mesmas janelas que se multiplicaram como vírus nos quartos, elevadores e cafés, entrando no âmago do ser de cada um, fazendo um estrago sem fim... 


Existe sim uma imbecilidade reinante sucumbindo todas as almas vivas num maremoto perverso de ideias transgênicas do que é ser artista, do quanto podemos ser individuais e ao mesmo tempo múltiplos num mundo cruel onde o valor da mercadoria fala mais alto aos ouvidos, e as bugigangas e penduricalhos falsos refletem melhor nos olhos embaçados e tristes dos espectadores enfileirados. São vazios enormes e quilométricos que vão compondo o quadro atual. Descampados áridos a perder de vista.


 Uma matilha raivosa mantem-se sempre a postos para amedrontar os que procuram desvendar os mistérios.  Os latidos são falsetes ensurdecedores de centenas de vozes que tomaram a frente e que guardaram a entrada do templo para que não haja reação. O enlatado das ideias corre solto nas prateleiras e escaninhos. A vida, e o “bom da vida” é estar num clip desconexo e falso, cheio de insinuantes desejos, ritmos decadentes e gestinhos falsos. Aí sim nós seremos “sucesso”. Ressuscita-me, por favor!
  *Os textos e fotos de Dario Junior estão licenciados pela Creative Commons. Qualquer utilização,  será possível com a autorização prévia do autor, que deverá ser consultado.

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