sexta-feira, 22 de março de 2019

GRITOS, REPÚDIOS E ALGAZARRAS!

Texto: Dario Junior
Fotos colhidas do Google
 
Sofro com a destruição do País, com o descalabro e o desabamento das políticas públicas e emudecimento da democracia . Sofro com uma dor doída demais, uma dor que começa matraqueando o peito, garganta, língua, pulsos, olhos, ouvidos, cérebro até o fundo da alma. Uma dor bandida, indigesta, nefasta...

De qualquer forma que venha eu não permito que seja um sofrimento qualquer, desses que deixam a gente acabrunhado. Será sempre contundentemente contra-atacado por outros sentidos que o destruirão com altivez, sobriedade, inteligência, e estratégia. O bom combate é aquele em que percebemos e entendemos as características do inimigo, detectando suas idiossincrasias e seus pontos frágeis. Poderia até ser de outra forma este embate, mas o quadro político que se estabeleceu nos empurrou ao momento atual de uma forma inusitada. Não percebemos o rolo compressor de ideias estúpidas se formando no alto da barragem, e como um Brumadinho, tudo deslanchou encobrindo o País numa lama cáustica de politicagem bestial e ideologias escrotas.

Em meio aos horrores e gritos por liberdade, riscaram poesias num canto de rua, escritas com palavras cinzas e pálidas nos muros do tempo. Sonharam mundos menos cruéis e mais libertos dos insistentes atrasos seculares. No peito de muitos, sobraram vozes vibrantes de indignação e repúdio entre os entulhos do horizonte cinzento. Sobraram nossos dias intermináveis e cheios de indignação, nossas vozes em algazarra pedindo um mundo mais justo e humano, ecoando nas ruas e nos rios dos teus olhos. Sobraram gritos estridentes de corpos entre os dentes afiados das intempéries vorazes sedentas de sangue e lágrimas; Corpos ainda misturados na lama escura, sentindo o sabor amargo dos dias e as terríveis torturas de todas as noites das ditaduras. 


Estamos numa vala profunda e instável. Os dias mastigam prantos contidos, sussurrando mantras regeneradores entre as ondas escuras. Sigamos então sobre a névoa de poeira sem temer os desdobramentos que os dias vão tecendo em nossas atitudes. Pressinto o toque de nossas mãos acariciando as manhãs e jorrando sementes iluminadas que nascerão livres nos campos e na alma de todas as gerações. Acordemos então todas as horas, todos os instantes dos dias, para dissipar as cinzas densas da alma e deixar o sol com sua luz revigorante, curativa, reveladora e intensa, despejar sonhos e iluminar caminhos livres até os campos floridos da democracia!

  *Os textos e fotos de Dario Junior estão licenciados pela Creative Commons. Qualquer utilização,  será possível com a autorização prévia do autor, que deverá ser consultado.

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quinta-feira, 14 de março de 2019

O BRASIL E O ESPECTRO DA VIOLÊNCIA





                             
Texto: Dario Junior




Será que um massacre como esse da Escola Raul Brasil em  Suzano-SP, onde morreram 10 pessoas incluindo 6  jovens assassinados por outros dois, vai ser suficiente para barrar essa onda armamentista tão prejudicial ao termômetro comportamental do País? Será? 

Vejo perspectivas que poderão nos levar a uma grande discussão sobre escolarização, educação democrática e a valorização do discurso de paz em confronto com a violência, a barbárie, e os prejuízos fatais dessa glamourização da cultura das armas e da matança indiscriminada que vem assolando o País, como um espectro assustador incomodando todos. Esta mesma glamourização das armas e o discurso rasteiro sujo de uma parcela apodrecida da política, acordou os idiotas que estavam em processo  de estúpida hibernação desde o golpe de 64, trouxe à tona os mais indignos sentimentos de uma elite/classe média burra, saudosa de uma ditadura militar caduca (derrotada pelo povo) e dos movimentos nazifascistas que destruíram sociedades livres inteiras, matando milhões de seres humanos por onde passaram. 

O governo com o seu discurso violento  e a aprovação de leis para distribuir armas com a população tem um alvo certo: a desincumbência do mesmo em tratar das questões sobre violência, deixando a população indefesa e ao Deus-dará. É um governo inepto que não quer trabalhar, exatamente por não saber produzir políticas públicas. Não tem estudo sério sobre o assunto e suas equipes de governo nunca leram nada sobre a pasta que assumiram. Existe um vazio cerebral no governo que levará a sociedade ao caos se não for urgentemente estancado.

É visível e óbvio que temos no País hoje um regime fascista/fundamentalista de extrema direita, empossado por um golpe de estado e por propagandas falsas que proliferaram no período de campanha como um vírus perigoso e fatal, contaminando mentes e plantando mentiras. Esse mesmo governo fascista não se intimidou em incentivar seus eleitores a levantarem as mãos num gesto de arma, fazendo do gesto absurdo algo enaltecedor do caráter e virilidade, com uma mensagem subliminar de que agora a segurança é por sua conta, o governo só se preocupará com questões mais relevantes como, lombadas eletrônicas,  guerra na Venezuela, censura em cartilhas de saúde, cor da roupa de meninos e meninas, redução do salário mínimo, reforma da previdência para matar os velhinhos, privatizações e demissões, entrega total do pré-sal, militarização das escolas e outros temas “tão relevantes quanto”. O problema da violência, segundo o governo, estará resolvido quando cada um tiver as suas próprias   armas e decidir matar quem quiser, quando quiser e onde quiser.

  *Os textos e fotos de Dario Junior estão licenciados pela Creative Commons. Qualquer utilização,  será possível com a autorização prévia do autor, que deverá ser consultado.

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