segunda-feira, 30 de junho de 2014

URGENTE!!! VAMOS DESCOLONIZAR AS ESTAMPAS DAS NOSSAS ROUPAS.



Texto: Dario Junior

Nada me deixa mais irritado do que ter que visualizar essa enxurrada de roupas e mais roupas, camisas e camisetas nas vitrines das lojas, em shoppings, lojas do centro da cidade e supermercados vários, contendo palavras ou frases coloridas em inglês e estampas com caras de gringos e "ídolos" inventados a cada semana pela mídia e pela cultura invasora e descartável do nosso cotidiano. Não sei o porquê de tanta falta de amor próprio, falta de discernimento da boa foto, da boa estampa, da boa palavra ou frase que nos digam algo sobre nós, sobre nossos ídolos, nossos prazeres...

Ontem, passando por algumas vitrines e lojas de roupas, percebi que a grande maioria mais parecem outdoors  de mau gosto e desprezo ao bom senso. Não dá para ficar em paz com isso! precisamos urgentemente rever essa arte da estamparia inventando algo mais nosso, que fale mais da nossa cultura e da nossa região. Será que no Brasil não temos artistas e designers de roupas capazes de fazer algo mais atual e impactante? Algo mais tupiniquim? Temos sim!

Andando pelos mercados de artesanato e lojinhas afins aqui da nossa cidade, João Pessoa -PB, eu pude perceber que temos sim indícios claros de roupas belas e bem produzidas, roupas que poderão, com o nosso apoio, invadir as lojas e vitrines da cidade e banir de vez esse mau     gosto em usar estampas estrangeiras contendo frases e palavras vazias, que não dizem nada para ninguém daqui.

As nossas produções locais de roupas com estampas deslumbrantes e envolventes, devem começar agora a acontecer! Já não era sem tempo, porque temos sim desenvolvido uma excelente produção com peças em algodão colorido, rendas belíssimas contendo arte local, estampas tropicais, motivos regionais, confirmando assim que dispomos de um ótimo potencial para invadir todas as vitrines e lojas de tecido do País. 

Um outro fator importante é que comprando roupas feitas no nosso estado estaremos valorizando uma rede de trabalho que começa no campo, na colheita do algodão, passando pelas rendeiras, pequenas fábricas que se multiplicam com os lucros advindos da venda crescente dos produtos, até o comerciante dono de lojas em shoppings e nos mercados de artesanato existentes em todo o Estado da Paraíba; sem contar que as nossas roupas e estampas, estão fazendo o maior sucesso no exterior e já são um forte impulso na economia paraibana. Vale ressaltar também que a preocupação ambiental está presente em toda cadeia de produção do algodão colorido. Isso já seria suficiente para optarmos pelos produtos locais! 

Uma coisa é certa: olhando ao redor, percebe-se que temos arte local em tecido pulsando em todos os lados! Só precisa ser descoberta, notada e adquirida. Então vamos as compras!

Vejam abaixo algumas fotos que fiz das belíssimas roupas de algodão colorido e rendas expostas em lojas aqui da cidade de João Pessoa-PB, Brasil e algumas outras de outros estados nordestinos:

Foto 1(Dario Junior)- camisa em algodão colorido

foto 2(Dario Junior) - Camisa em algodão colorido

Foto 3(Dario Junior) - Vestidos em algodão colorido

Foto 4 (Dario Junior) - Blusa com renda

Foto5 (Dario Junior) - Blusa em renda

Foto 6 (Dario Junior)- Blusa em renda

Foto 7 (Dario Junior) - Blusa com renda

Foto 8 (Dario Junior) - Blusa em algodão branco

Foto 9 (Dario Junior) - Blusa com renda

Foto 10 (Dario Junior) - Blusa em renda azul

Foto 11 (Dario Junior) - Blusa em renda

Foto 12 (Dario Junior)

Foto 13 (Dario Junior) - Vestido em algodão colorido

Foto 14 (Dario Junior) - Vestido em renda branca
Foto 15 - colhida da internet

Foto 16 - colhida da internet

Foto 17 - colhida da internet

Foto 18 - colhida da internet

Foto 19 - colhida da internet

Foto 20 - colhida da internet

Foto 21 - colhida da internet

Foto 22 - colhida da internet

Foto 23 - colhida da internet


Foto 24 - colhida da internet

Foto 25 - colhida da internet

Foto 26 - colhida da internet

Foto 27 - colhida da internet

Foto 28 - colhida da internet

Foto 29 - colhida da internet

Foto 30 - colhida da internet

Foto 31 - colhida da internet



Fotos: Dario Junior e outras colhidas da internet.



*Os textos e fotos de Dario Junior estão licenciados pela Creative Commons. Qualquer utilização,  será possível com a autorização prévia do autor, que deverá ser consultado.

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sábado, 28 de junho de 2014

MUSICLUBE DA PARAÍBA : Um olhar crítico sobre a história de um dos mais importantes movimentos de resistência cultural da Música Popular Paraibana.

      Foto 1 (Dario Junior) - Antiga sede do Musiclube da Paraíba que funcionou no primeiro andar do prédio do também antigo Círculo Operário, em Jaguaribe- JP/PB.   

Texto: Dario Junior

"Talvez não seja este o entendimento de muitos sócios que fizeram parte da história do Musiclube da  Paraíba e eu respeito e respeitarei a  opinião de todos. Talvez uns tantos tenham essa mesma sensação que tenho: de perda, ao revisitar a história  de um dos movimentos de música popular mais importantes que a Paraíba já teve, de uns 30 anos para cá", (Dario Junior, em março de 2014)

Sempre quis falar da minha experiência como sócio e participante ativo do Musiclube da Paraíba e acho que chegou o momento oportuno. Não posso aqui esmiuçar os objetivos ou as intenções mais profundas desta entidade de classe do compositor paraibano, surgida na década de 80 e que fincou raízes nos arredores de Jaguaribe, em João Pessoa-PB. Até porque, esse entendimento do que era realmente a entidade nunca ficou muito claro na cabeça de muitos dos artistas associados. 

Faço aqui uma análise sucinta e exponho alguns percursos seguidos, cujo trânsito de ideias, naquele momento histórico, transformaram-se em ações concretas com produções artísticas de peso no cenário musical da Paraíba. Estivemos presentes em muitas cidades do interior e bairros da capital, levando músicas e shows inéditos para associações de bairros, teatros, universidades, escolas, festas populares, praças e no próprio Círculo Operário em Jaguaribe, que no tempo em que me tornei sócio da entidade de músicos, se transformou na sede fixa do Musiclube. Foi lá onde pude entender melhor minha paixão pela música e produzir meus primeiros shows musicais no Teatro Lima Penante: "REVERSO" (1984), "NA CONTRAMÃO DOS DIAS" (1985), "REVOLTA DOS ANJOS" (1986), "QUE MORRA A GIA" (1988), esse realizado em terreno nos fundos do Circulo Operário, com direito a iluminação feita de spots de latas de leite e teatro de sombra com lençóis de dormir servindo de tela (tempos criativos!). Lembro também que montei por esse período, meu primeiro grupo musical chamado "GRUPO SANGUÍNEO" em 1988. A título de curiosidade, o título do primeiro show "Reverso" , foi uma palavra pinçada de uma música minha intitulada "Homem 2000" e que fazia alusão a chegada dos computadores nas nossas vidas e traçava alguns prognósticos sombrios do poder da máquina sobre o homem. Eu construía nessa música, uma crítica severa a essa era maluca da informática, em que vivemos hoje. O show aconteceu no Teatro Lima Penante em João Pessoa, em 23 de maio de 1984 e fez 30 anos agora em 2014!


     Foto 2 - Show "Reverso" que aconteceu no Teatro Lima Penante em João Pessoa,PB em maio/1984. O texto é de minha autoria e foi entregue na época a redação do Jornal O Norte para ser publicado.

No Musiclube, sempre nos reuníamos todos os finais de semana para discutirmos política, música popular brasileira contemporânea, fazíamos audições de LPs e fitas cassete, tocávamos uns para os outros, compúnhamos, produzíamos faixas e cartazes, tínhamos palestras, aulas de música e uma série de outras atividades artísticas. Recordo-me bem de alguns sócios do Musiclube que se tornaram parceiros musicais e amigos de profissão na época: Totonho, Junior Targino, Sergio Túlio, Roberto Araújo, Chico César, Pádua Belmont, Fernando Albuquerque, Adeildo Vieira, Carlitos, Nandinho da ilha, Robério Jacinto, Milton Dornelas, Paulo Ró, Pedro Osmar, Nelson Teixeira, Tatá, Jomar Araujo, Chico Viola, Josildo Dias, Escurinho, Kennedy Costa, Rodolfo Dartan, Cícero Targino, Clementino Lins e outros tantos colegas dos quais não me recordo agora, que frequentaram o clube e que peço para enviarem seus nomes, que terei o maior prazer em adicioná-los aqui.

Esses foram tempos de profunda atividade cultural, onde exercitávamos as habilidades musicais aprendidas e podíamos manter um diálogo aberto com a comunidade, levando cultura para os quatro cantos da cidade e do estado, com a profunda certeza de estarmos evoluindo musicalmente e politicamente, podendo assim medir a extensão  das nossas próprias experiências  musicais. 

Nas  frequentes participações  no projeto "Tocar por prazer" do Musiclube, nós, artistas associados, não tínhamos o intuito de ganhar grana alguma, ou de inseri-lo em algum projeto governamental, tínhamos sim,  o propósito de provocar ideias políticas e comunitárias através das nossas músicas, fruto do diálogo franco, aberto e sem atravessadores oficiais. Conseguíamos nessa época, manter com a comunidade um  sentimento de cumplicidade justamente por não termos vínculo algum com nenhuma entidade governamental. Foram momentos únicos que imprimiram novos rumos a música feita na Paraíba, naqueles tempos de farta colheita cultural e que começam a fazer falta hoje, no nosso árido terreno musical.

Tenho a convicção de que ao mesmo tempo em que essas ações e condições educativas de entendimento por parte dos integrantes, da importância  de ser músico com envolvimento em sua comunidade através de projetos importantes como Fala bairros, Tocar Por Prazer , Casas Populares de Cultura, Cursos, Oficinas Populares, etc., se tornavam uma atividade importante e um rumo a seguir, os objetivos primordiais do Musiclube, que era se tornar uma entidade de classe fortalecida, autônoma e desvinculada das garras do poder público, foram demonstrando seus primeiros indícios de enfraquecimento e descaracterização, que se evidenciaram e persistiram lentamente com o tempo decorrido, transformando as reuniões dos músicos  e compositores num marasmo sonolento e arrastado de discussões e debates. Em um dado momento, egos apoderaram-se do movimento deixando como consequência uma debandada de artistas insatisfeitos com a forma como estava sendo conduzida a entidade. 

Com o passar dos anos, a ideia propalada de uma "guerrilha cultural" combatendo um "analfabetismo cultural" e a construção de uma entidade de classe do compositor paraibano, autônoma e dona do seu nariz, foi ao meu ver, diluindo-se e deixando-se contaminar por um veneno lento e incômodo, que foi invadindo sorrateiramente o seu escopo estrutural chegando a abalar as entranhas coerentes da sua identidade, enfraquecendo assim um movimento cultural ímpar na história da música paraibana. A caça as verbas públicas e o "canto da sereia" dos políticos sedutores de artistas conseguiram com o tempo absorver lentamente a vitalidade e criatividade de um movimento cultural da mais alta importância, solapando suas bases e práticas populares de vanguarda e consumindo seus conceitos construídos a duras penas com o apoio de uma infinidade de artistas que tinham convicções verdadeiramente sociais, mas que foram esquecidos, sem celeumas, tendo como testemunhas, apenas, alguns sócios atentos e antenados ( dos quais me incluo) e aquelas singelas ruas do bairro de Jaguaribe (quando a sede do Musiclube funcionava ali há algumas décadas atrás) e as centenárias ruas do centro da cidade, quando nos mudamos algum tempo depois, para as dependências do Grupo Thomas Mindello. 

Foto 3 (Dario Junior) - Localização da outra sede do Musiclube da Paraíba, no Grupo Thomas Mindello, JP/PB
Nessa fase do percurso, já não éramos mais os mesmos... A frieza com que se conduzia as reuniões e as insatisfações dos sócios, revelavam os "outros" percursos que essa entidade de músicos trilharia, sendo suas ideias (ideias essas construídas com o suor de dezenas de artistas), transferidas para outras instâncias de poder e absorvidas gradativamente, com o passar do tempo, pelas garras oficiosas das secretarias de cultura e outros setores culturais do Município e Estado, nos governos que se seguiriam. Não cabe aqui formular uma tese científica para constatar se isso foi bom ou ruim para o Estado, ou se essa aproximação da experiência cultural/educativa do Musiclube com as secretarias de educação e cultura dos governos municipais e estaduais rendeu bons frutos. Cabe sim, deixar dito e escrito para todos os bons entendedores um "SINAL DE ALERTA" ao óbvio vazio cultural que se instalou e que provavelmente se instalará em nosso Estado, principalmente quando os poucos e valiosos movimentos legítimos de resistência cultural existentes, decidirem enxergar a cultura pela ótica oficial, seja ela de que partido for.

Lembro-me bem que juntamente com alguns amigos atuantes comigo nos eventos e projetos do Musiclube , já criticávamos a forma como as determinações e feitura dos projetos de música da entidade eram desenvolvidos. Percebíamos que a verticalidade preponderava nas ações e que o Musiclube padecia de um surto anti democrático, que foi ganhando corpo e descaracterizando seus reais objetivos. No lançamento do CD e livro do amigo Pádua Belmont, dia 05/abril/2014, na Energisa, ouvi de alguns o comentário da possibilidade em reunir mais uma vez os artistas do Musiclube, e muito mais recentemente eu vi um banner postado no facebook com um cartaz antigo do Musiclube dizendo que a entidade "estava viva". Em conversa recente nesse mês de junho/2014 com o amigo Adeildo Vieira no CCTA, discutíamos exatamente sobre isso e ele me falava que o Musiclube "estava vivo" nas nossas memórias, momento em que eu prontamente rebati, dizendo que a entidade deveria estar viva também fisicamente, como centro cultural atuante e aglutinador de novos talentos musicais, e que as novas gerações de músicos paraibanos estavam órfãs de uma entidade livre como o Musiclube.

Sem mais delongas, eu acho louvável que tudo isso esteja ocorrendo e que possamos reunir todos os músicos integrantes mais uma vez, para uma nova empreitada de ideias, mas antes, precisamos passar a limpo uma série de atitudes desmobilizadoras, que se tornaram obscuras e que levaram a entidade a uma desarticulação precoce, sendo suas ideias engavetadas em alguma sala esquecida, mas que podem estar esperando para serem reativadas pelos sócios ainda amantes da causa.

Concluo esse relato, dizendo que nunca compactuei com esse estado de coisas e nem concordei com a forma como algumas atitudes foram tomadas no âmago do movimento.

...Num dado momento dessa história, antes das entidades  oficiais de cultura do estado e município abocanharem a experiência cultural/educativa semeada pelo projeto, eu deixei de frequentar as reuniões do Musiclube.

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quinta-feira, 19 de junho de 2014

FOTOGRAFIAS DE DARIO JUNIOR: Clics diversos!


Foto 1- Fotos de arco-íris duplo tiradas da minha janela. João Pessoa- PB Brasil.

Foto 2- Fotos de arco-íris duplo tiradas da minha janela. João Pessoa- PB Brasil.
   

  Foto 3- Entardecer em João Pessoa. Foto da reserva florestal do IBAMA- em Joao Pessoa-PB Brasil.
  
Foto 4 - Foto tirada no município de Lucena-PB Brasil

Foto 5 - Foto  do Palace Hotel, agora Shopping Palace, em João Pessoa-PB Brasil


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segunda-feira, 16 de junho de 2014

O TEATRO DE BONECOS NA EDUCAÇÃO: Um método eficaz e criativo para trabalhar conteúdos na sala de aula.


Texto: Dario Junior
     
      Foto 1- bonecos construídos em oficina ministrada por mim, juntamente com a professora Eliete, dentro do Curso de Capacitação de Professores Alfabetizadores e Pré-escolar, realizado pela UFPB em 1995.

O Teatro de Bonecos em muito tem contribuído para uma retomada do ensino em todas as séries do ensino fundamental e médio. Na minha experiência como arte-educador, tenho percebido um interesse crescente dos jovens especificamente com o boneco e as técnicas de manipulação que utilizo em três modalidades de boneco: BONECO DE VARA, BONECO DE LUVA e BONECO DE SOMBRA. Todas essas modalidades de bonecos utilizam material de sucata em sua construção: desde garrafas pets de refrigerantes, até recipientes de shampoos vazios, caixas e embalagens usadas, tampas de plástico, jornais velhos, cabos de vassoura, tecidos usados e uma série de outros materiais que iriam parar no lixo, são todos reaproveitados dentro da nossa oficina. Um outro fator importante da utilização do boneco é a perspectiva grupal que ele projeta nos trabalhos com crianças, jovens e até adultos. 

Normalmente as apresentações do teatro de bonecos exigem um trabalho em grupo. Desde a escolha do texto, leituras, construção dos personagens, ensaios, confecção dos bonecos, cenários e por fim a apresentação. Todo o processo de trabalho exige uma aproximação entre os participantes, tanto na confecção como na leitura, interpretação e apresentação, todos devem comungar um mesmo sentimento de integração e responsabilidade, como acontece no teatro com pessoas, a sequência e o aprendizado são  os  mesmos e os resultados educativos também, mudando apenas em alguns aspectos metodológicos e na utilização do boneco como ator.

     Foto 2- bonecos construídos em oficina ministrada por mim, juntamente com a professora Eliete, dentro do Curso de Capacitação de Professores Alfabetizadores e Pré-escolar, realizado pela UFPB em 1995.

Os bonecos da (Foto 1 e 2), foram confeccionados numa oficina ministrada por mim, Dario Junior e Eliete Matias, dentro do Curso de Capacitação de Professores Alfabetizadores e Pré Escolar dos Municípios de Pitimbú, Desterro, Cuitegi, Pilões e Itaporanga, na Paraíba, realizado pela UFPB em 1995, que incluía professores de várias escolas. Nesse trabalho foi possível incluir várias etapas da construção do boneco até a apresentação dos grupos, que aconteceu no Teatro Lima Penante em João Pessoa e foi bastante elogiado por todos que participaram. Os bonecos da Foto 1, seguiram a temática do Boi de Reis, que uma das participantes lembrava haver assistido em sua cidade quando era jovem. Segundo ela, o grupo de Boi de Reis de sua cidade, não mais existia e ela tinha muitas saudades. A confecção dos bonecos como galantes, damas e mestre demonstrou a destreza que tinham com a costura e os detalhes, bem como uma boa memória das vestimentas e passos, que foram exaustivamente ensaiados e deram um show na apresentação final, quando todos subiram no palco e dançaram junto com os bonecos por cerca de meia hora! Observem que entre os bonecos da foto 2, existem bonecos com vogais desenhadas e coladas com material próprio do tecido. Esses bonecos, vogal u, e, a, fizeram parte do trabalho de um grupo de professores que utilizou as vogais como tema e que foi muito bem elaborado e aplaudido por todos, tendo inclusive uma música minha sobre as vogais, como trilha sonora da apresentação! 

      Foto 3- oficina com os professores de escolas do interior paraibano no Teatro Lima  Penante- NTU-UFPB, 1995. No canto direito, meu filho sorrindo para a foto!

Na (Foto 3) é possível ver toda a produção de bonecos confeccionados na oficina com os professores. Cada grupo de 5 bonecos faz parte de um grupo de 5 professores que escolheram um tema à partir de uma música minha, confeccionaram o texto com personagens e diálogos e montaram o teatro para apresentação.

É de suma importância considerar que o teatro de bonecos será o mais eficaz método de ensino num futuro bem próximo! Com o boneco nas mãos o Professor poderá alfabetizar, contar estórias, dar aulas de geografia, ciências, história, matemática, utilizando qualquer uma das técnicas citadas acima. A minha experiência tem me dado suporte para afirmar com certeza que o boneco ensina de uma forma diferente e essa diferença está na maneira lúdica e jocosa com que ele se comporta. Seus trejeitos e vozes engraçadas, criam no jovem um interesse apaixonante e muitas das vezes participativo, ou para ser mais modernoINTERATIVO. Com o boneco nas mãos o jovem passa a manipular e improvisar em cima do tema proposto pelo professor, ampliando o seu entendimento sobre o texto e valorizando a criatividade no ato de aprender. 

      Foto 4: Oficina com meninos da Granja do Costa e Silva em 1993- (FUNDAC )

Desenvolvi em 1993, na Granja do Costa e Silva (núcleo da FUNDAC), bairro de João Pessoa, uma oficina que durou cerca de um ano e meio, (Foto 4), com jovens da periferia que estavam inseridos num grupo de risco, sendo moradores de um local altamente violento e com um índice de criminalidade assustador, na época. Foi um trabalho difícil, mas como todo trabalho educativo, gratificante e que rendeu frutos de várias apresentações pela cidade, valorizando o trabalho dos meninos e ao mesmo tempo ensinando e educando para vida. Neste mesmo período foi possível realizar um projeto amplo, com oficina de confecção de bonecos, de leitura de texto, exercícios teatrais para provocar uma maior aproximação entre os meninos, bem como, a fase da montagem do espetáculo. Entre os vários objetivos da oficina de teatro de bonecos eu destaco:

. Despertar a criatividade
. Ampliar a imaginação
. Aperfeiçoar a concentração
. Trabalhar a timidez
. Exercitar a voz e entonações
. Valorizar o trabalho em grupo
. Desenvolver a coordenação motora
. Valorizar a utilização de materiais de sucata
. Despertar o interesse pela leitura


     Foto 5- oficina com jovens da favela São Rafael, que "frequentavam" a UFPB nos horários de almoço.

Encontrei esses meninos da (Foto 5), pedindo restos de almoço aos frequentadores do restaurante universitário da UFPB. Eram todos provindos da Favela São Rafael, que fica próximo a UFPB, e concentra um número muito grande de moradores e residências, numa  faixa longa, beirando o rio Jaguaribe e que se estende seguindo ao lado da rodovia, BR 230.

Com esses garotos eu desenvolvi uma oficina de bonecos e outras atividades por quase dois anos, num setor de reciclagem de papel que ficava próximo a Reitoria da UFPB. Percebi o quanto o boneco atraia a atenção dos garotos e conseguia entretê-los, sempre que começavam a manipulá-lo. O extenso período que passei com eles foi muito importante em suas vidas. Hoje encontro com vários deles, já adultos e muitos casados, trabalhando em supermercados, guardando carros na feira, vendendo frutas e verduras e que ao me verem se lembram do período das oficinas de bonecos que tivemos quando eram garotos. Ficamos a conversar, e eles demonstram um grande carinho com aquele momento das suas vidas, quando o boneco esteve sempre como um dos seus melhores companheiros nas brincadeiras e no aprendizado que se dispuseram compartilhar comigo.


             Foto 6- Alunos em oficina de confecção de bonecos, no bairro dos Bancários- PB.

Essa Oficina (Foto 6), foi desenvolvida com jovens estudantes e moradores do bairro dos bancários , João Pessoa-PB-Brasil, juntamente com pais e professores. Os participantes da oficina, eram em sua maioria  estudantes de escolas particulares localizadas no próprio bairro e produziram igualmente aos outros grupos já citados, excelentes trabalhos nas finalizações da oficina. 

     Foto 7 - Alunos do Projeto de Extensão Cultural Catarina da COEX/PRAC/UFPB, no Município de Cabedelo-PB.

No Município de Cabedelo, em João Pessoa-PB-Brasil, desenvolvi uma Oficina de Teatro de Bonecos (Foto 7), com construção e montagem de espetáculos e com duração de seis meses, pelo Projeto de Extensão Cultural Catarina da Coordenação de Extensão Cultural da UFPB, com sede na Fortaleza de Santa Catarina, ainda hoje.

Com os meninos, oriundos de bairros periféricos e carentes da cidade, pude perceber um grande interesse pelo boneco e muitos deles faziam um longo percurso até a Fortaleza, para realização da Oficina. Interessante foi perceber que no decorrer dos trabalhos, foram sendo construidos pelos garotos, personagens de marinheiros e capitães, influência do porto de Cabedelo que fica muito próximo da cidade e é responsável pelo turismo permanente de marinheiros e tripulantes vindos de várias partes do mundo nos navios e fragatas que lá aportam com mercadorias variadas.

O Porto ainda é um referencial importante para os habitantes e os meninos demostraram isso através das montagens dos trabalhos e das apresentações do teatro, com personagens falando de marinheiros heróis e suas viagens pelo  mundo, em embarcações e barcos de pesca, outro referencial importante, já que grande parte dos habitantes vivem da pesca marinha.


              Foto 8 - com bonecos do Acervo do NUPPO (Núcleo de Cultura Popular da UFPB)

Recentemente, estive visitando o NUPPO (Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular da UFPB) e fiz várias fotos com bonecos do acervo em exposição, (Foto 8). Pude perceber a beleza dos bonecos e suas características rudes, feitos em madeira, mas trazendo formas equilibradas e bem desenhadas, com pintura marcante e aplicada de forma simples, normalmente utilizando o preto para facilitar os contornos e a figura dos bonecos. Os cabelos sao pintados de preto na própria cabeça de madeira, facilitando a construção e finalização do boneco e produzindo um efeito plástico muito interessante.

Essa visita me fez lembrar dos anos de convivencia com o Mestre Joaquim do Babau, morador do Bairro dos Novais em João Pessoa-PB e suas "brincadeiras" com os bonecos que ele mesmo construia. Tive a honra de vê-lo em ação apresentando seus bonecos, com muita graça e encanto. Escondidinho dentro da tenda, observava tudo que acontecia lá fora por um buraquinho minúsculo  no tecido para poder soltar  brincadeiras com  os presentes, falando da cor das suas camisas, tamanho dos cabelos, se estavam calados ou surpresos com seus bonecos e muitas outras formas de dialogar com os especatadores do seu teatro, deixando todos de boca aberta a se perguntar: mas como o boneco sabe de tudo isso? será que ele é de verdade mesmo? Claro que os de mais idade é que ficavam se perguntando da veracidade do boneco, porque os pequenininhos, já estavam mergulhados na fantasia!


BREVE HISTÓRICO DO TEATRO DE BONECOS

Surgido nos primórdios da civilização, executado através da utilização de sombras nas paredes das cavernas pelos primitivos habitantes do nosso planeta, o teatro de bonecos vem resistindo por séculos e séculos, apresentando-se sempre como um excelente estimulador cultural de gerações de crianças e jovens, bem como adultos que dedicam toda sua vida realizando atividades em prol da preservação cultural do boneco em todas as suas formas. 

Segundo Idalina Ladeira, 

Na América, os fantoches foram trazidos pelos colonizadores. Entretanto os nativos já confeccionavam bonecos articulados, que imitavam movimentos de homens e animais. Depois da primeira guerra, as marionetes, bonecos articulados movidos por fios, foram difundidas pelo mundo e introduzidas nas escolas, principalmente na Checoslováquia e nos Estados Unidos.

Ainda na pré-história , as mães teriam desenvolvido o teatro  de dedos, projetando, com as mãos, sombras diversas nas paredes para distrair os filhos. Com o passar do tempo, os homens começaram a modelar bonecos de barro, sem movimentos, a princípio. Mais tarde, conseguiram articular a cabeça e os membros dos bonecos para, a seguir, fazer representações com eles. Na Índia, China e Java também eram realizados teatros de bonecos. Os egípcios encenavam espetáculos sagrados nos quais a divindade falava e era representada por uma figura articulada. Na Grécia Antiga, os bonecos articulados tinham além da importância cultural, conotações religiosas. O Império Romano assimilou da cultura grega o teatro de bonecos, que rapidamente se espalhou pela Europa.


No Brasil, os bonecos começaram a ser utilizados em representações, no século XVI. No tempo dos vice-reis eram muito apreciados. Foi no Nordeste que o teatro de bonecos apareceu com destaque, principalmente em Pernambuco, onde até hoje é tradição. É o teatro mamulengo, rico em situações cômicas e satíricas. Há muito tempo grupos vem se esforçando para desenvolver o teatro de bonecos no Brasil. Mas só a partir de meados deste século os resultados começaram a aparecer. Nestes últimos anos, o teatro de bonecos tomou grande impulso em nosso país com o aperfeiçoamento da atuação dos grupos, apresentando um excelente trabalho.

Fotos: Dario Junior, Eliete Matias e Fabiano Ferreira

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