quinta-feira, 6 de junho de 2019

5/6/2019- ENCONTRO DE MÚSICOS DO MUSICLUBE DA PARAÍBA- Entidade de Classe do Compositor Paraibana



Texto: Dario Junior

Como já havia preconizado em artigo escrito em 2014 sobre a importância de reunir novamente os membros do Musiclube para uma rodada de conversas, afirmo aqui que foi um momento importante da Cultura Paraibana o Encontro do MUSICLUBE DA PARAÍBA- Entidade de Classe do Compositor Paraibano, na A BUDEGA Arte Café, dia 5 de junho de 2019, com as presenças  de Adeildo Vieira, Dario Junior, Eliete Matias, Pedro Osmar, Totonho, Milton Dornellas, Hygia Margarete,  Nathalia Bellar, e outros. 

Foram traçadas, neste encontro, Importantes discussões acerca do histórico da entidade bem como os seus projetos desenvolvidos na década de 1980 em João Pessoa-PB e interior da Paraíba, que considero um dos momentos mais importantes dos últimos 40 anos de história musical do Estado. Foi nesse período que surgiu uma safra de músicos atuantes e preocupados com a cena política e cultural desse lado de cá do País, responsáveis por uma infinidade de projetos marcantes e que mudaram os caminhos da cena musical paraibana.

A efervescência cultural desse período da história da Música Paraibana tem nuances importantes de produção aguerrida e inspiradora para as novas gerações de músicos, gerações estas que precisam urgentemente beber na fonte das guerrilhas culturais travadas na época e suas inserções nos movimentos populares de lutas sociais do estado.

Eis que é chegado mais uma vez o momento de novas arquiteturas político-musicais, onde cada um dos personagens precisa “recompor o peito, repensar a luta, levar pra depois do temporal” de um momento crucial de desmonte da cultura, educação e saúde, exatamente num relâmpago político em que ressurgem de uma vez só,  militarismo, ditadura, fascismo e consequentemente perda de liberdade, compondo um perigoso coquetel molotov que pode explodir e incendiar tudo a qualquer momento.

As novas e velhas gerações precisam agora trilhar caminhos inusitados, que contemplem formas de lutas culturais criativas e que faça a música retornar às ruas, porque antes de tudo a “Música É Da Rua”, lugar que nunca deveria ter deixado de frequentar. A classe artística precisa antes de mais nada se deselitisar e descoisificar. Talvez muitos não irão concordar com o que afirmo aqui: A classe artística precisa ir além dos teatros fechados e das noitadas nos ambientes dos bares. Necessita de um novo pulmão e garganta que harmonizem ares e repercutam novas possibilidades de luta estética que venham romper com o atraso cultural que se impôs e se impõe nos dias atuais.  A mídia hegemônica, uma das grandes responsáveis pela idiotização das mentes, produziu nesses anos todos um volumoso caldo de inoperância e estagnação, desvirtuando conceitos e influenciando comportamentos, contribuindo dessa forma com o decadente quadro político que vivemos. Considero que o ideal para o movimento cultural deverá ser ser uma mídia autônoma, com vínculos profundos na democracia e liberdade.


Não há mais espaço para ilusões e desatenções. É preciso foco, determinação e ações constantes. Os espaços aptos, verdadeiramente de cultura popular: Praças, arenas, teatros ao ar livre, associações de bairros, feiras, escolas, universidades, bibliotecas comunitárias, casas de cultura, esquinas, calçadas, precisam ser preenchidos com arte e luta, arte e esforço comunitário, consciência e estética de guerrilha. O desmonte cultural impetrado pelo desgoverno atual, caminha a passos largos. Somos presa fácil porque insistimos num modelo de gestão cultural produzido unicamente pelo poder público. Vale lembrar que o Musiclube em grande parte da sua história produziu por consenso coletivo seus projetos culturais, sem manter ligações com o poder público, o que lhe deu autonomia e poder de ação, até quando seus membros ( músicos paraibanos) puderam optar por esse caminho. Depois, são outros quinhentos que não cabem aqui, agora!

*Os textos e fotos de Dario Junior estão licenciados pela Creative Commons. Qualquer utilização,  será possível com a autorização prévia do autor, que deverá ser consultado.

 Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional

sexta-feira, 22 de março de 2019

GRITOS, REPÚDIOS E ALGAZARRAS!

Texto: Dario Junior
Fotos colhidas do Google
 
Sofro com a destruição do País, com o descalabro e o desabamento das políticas públicas e emudecimento da democracia . Sofro com uma dor doída demais, uma dor que começa matraqueando o peito, garganta, língua, pulsos, olhos, ouvidos, cérebro até o fundo da alma. Uma dor bandida, indigesta, nefasta...

De qualquer forma que venha eu não permito que seja um sofrimento qualquer, desses que deixam a gente acabrunhado. Será sempre contundentemente contra-atacado por outros sentidos que o destruirão com altivez, sobriedade, inteligência, e estratégia. O bom combate é aquele em que percebemos e entendemos as características do inimigo, detectando suas idiossincrasias e seus pontos frágeis. Poderia até ser de outra forma este embate, mas o quadro político que se estabeleceu nos empurrou ao momento atual de uma forma inusitada. Não percebemos o rolo compressor de ideias estúpidas se formando no alto da barragem, e como um Brumadinho, tudo deslanchou encobrindo o País numa lama cáustica de politicagem bestial e ideologias escrotas.

Em meio aos horrores e gritos por liberdade, riscaram poesias num canto de rua, escritas com palavras cinzas e pálidas nos muros do tempo. Sonharam mundos menos cruéis e mais libertos dos insistentes atrasos seculares. No peito de muitos, sobraram vozes vibrantes de indignação e repúdio entre os entulhos do horizonte cinzento. Sobraram nossos dias intermináveis e cheios de indignação, nossas vozes em algazarra pedindo um mundo mais justo e humano, ecoando nas ruas e nos rios dos teus olhos. Sobraram gritos estridentes de corpos entre os dentes afiados das intempéries vorazes sedentas de sangue e lágrimas; Corpos ainda misturados na lama escura, sentindo o sabor amargo dos dias e as terríveis torturas de todas as noites das ditaduras. 


Estamos numa vala profunda e instável. Os dias mastigam prantos contidos, sussurrando mantras regeneradores entre as ondas escuras. Sigamos então sobre a névoa de poeira sem temer os desdobramentos que os dias vão tecendo em nossas atitudes. Pressinto o toque de nossas mãos acariciando as manhãs e jorrando sementes iluminadas que nascerão livres nos campos e na alma de todas as gerações. Acordemos então todas as horas, todos os instantes dos dias, para dissipar as cinzas densas da alma e deixar o sol com sua luz revigorante, curativa, reveladora e intensa, despejar sonhos e iluminar caminhos livres até os campos floridos da democracia!

  *Os textos e fotos de Dario Junior estão licenciados pela Creative Commons. Qualquer utilização,  será possível com a autorização prévia do autor, que deverá ser consultado.

 Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional

quinta-feira, 14 de março de 2019

O BRASIL E O ESPECTRO DA VIOLÊNCIA





                             
Texto: Dario Junior




Será que um massacre como esse da Escola Raul Brasil em  Suzano-SP, onde morreram 10 pessoas incluindo 6  jovens assassinados por outros dois, vai ser suficiente para barrar essa onda armamentista tão prejudicial ao termômetro comportamental do País? Será? 

Vejo perspectivas que poderão nos levar a uma grande discussão sobre escolarização, educação democrática e a valorização do discurso de paz em confronto com a violência, a barbárie, e os prejuízos fatais dessa glamourização da cultura das armas e da matança indiscriminada que vem assolando o País, como um espectro assustador incomodando todos. Esta mesma glamourização das armas e o discurso rasteiro sujo de uma parcela apodrecida da política, acordou os idiotas que estavam em processo  de estúpida hibernação desde o golpe de 64, trouxe à tona os mais indignos sentimentos de uma elite/classe média burra, saudosa de uma ditadura militar caduca (derrotada pelo povo) e dos movimentos nazifascistas que destruíram sociedades livres inteiras, matando milhões de seres humanos por onde passaram. 

O governo com o seu discurso violento  e a aprovação de leis para distribuir armas com a população tem um alvo certo: a desincumbência do mesmo em tratar das questões sobre violência, deixando a população indefesa e ao Deus-dará. É um governo inepto que não quer trabalhar, exatamente por não saber produzir políticas públicas. Não tem estudo sério sobre o assunto e suas equipes de governo nunca leram nada sobre a pasta que assumiram. Existe um vazio cerebral no governo que levará a sociedade ao caos se não for urgentemente estancado.

É visível e óbvio que temos no País hoje um regime fascista/fundamentalista de extrema direita, empossado por um golpe de estado e por propagandas falsas que proliferaram no período de campanha como um vírus perigoso e fatal, contaminando mentes e plantando mentiras. Esse mesmo governo fascista não se intimidou em incentivar seus eleitores a levantarem as mãos num gesto de arma, fazendo do gesto absurdo algo enaltecedor do caráter e virilidade, com uma mensagem subliminar de que agora a segurança é por sua conta, o governo só se preocupará com questões mais relevantes como, lombadas eletrônicas,  guerra na Venezuela, censura em cartilhas de saúde, cor da roupa de meninos e meninas, redução do salário mínimo, reforma da previdência para matar os velhinhos, privatizações e demissões, entrega total do pré-sal, militarização das escolas e outros temas “tão relevantes quanto”. O problema da violência, segundo o governo, estará resolvido quando cada um tiver as suas próprias   armas e decidir matar quem quiser, quando quiser e onde quiser.

  *Os textos e fotos de Dario Junior estão licenciados pela Creative Commons. Qualquer utilização,  será possível com a autorização prévia do autor, que deverá ser consultado.

 Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional